Inspirado no discurso “Como fazer um elefante caber dentro de uma sala?”, mostra pessoas espremidas, oprimidas, a ponto de explodir a qualquer toque. Para obter uma aproximação do fato ocorrido, todos os atores usam seus nomes reais e vários dos adolescentes do elenco são alunos da escola e vivenciaram a tragédia. Em longos planos, a câmera, como uma intrusa, passeia pelos corredores da escola, captando conversas banais dos adolescentes, em suas aulas, práticas de esportes, namoros. Ao permanecer fixa em alguns momentos, a câmera nos leva a um modo intimista de enxergar os fatos, quase como olhar pelo buraco da fechadura. Ela parece esperar que algo ocorra diante dela, diferentemente do que costumamos ver no cinema, com a cena sendo cuidadosamente construída para ser enquadrada. Cria-se aqui a ilusão de que não há essa elaboração e de que estamos vendo algo estritamente real.
É um filme demasiadamente lento, um fator de extrema relevância para nos deixar quase em estado de inércia ao assistirmos. Ele cria uma atmosfera de aflição, já que todos sabem qual vai ser o final desde o início, com a câmera tornando tudo mais angustiante. Parece simples a receita. Se apropriar de uma história real de grande impacto e usar uma ótima fotografia. Porém, não se trata apenas disso. Toda a importancia à degradação da sociedade americana é dada, onde se pode comprar armas pela internet e onde tudo é tão vazio e futil.Apesar de muito estereotipados – a nerd, as patricinhas, o esportista -, o filme em nenhum momento julga seus personagens, causando certa polêmica. A narrativa picotada, nada linear, vai montando um quebra-cabeça sobre a rotina escola, perturbada pela entrada de dois estudantes fortemente armados, que atiram para todos os lados.
Por essas e outras, o filme se torna extremamente desagradável para alguns. Pessoas que se acostumaram a não pensar, a deixarem que os outros respondam por ela. Elefante não traz tudo mastigadinho, deixando-as engasgadas e mortas por asfixia.
Elefant (2003)